TRINCA-FERRO Saltator similis (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837)
Família: Thraupidae Nome em Inglês: Green-winged Saltato
Foto: Germano Woehl Junior Local: RPPN Corredeiras do rio Itajaí, em Itaiópolis - SC Data: 11/07/2010
É uma das espécies mais visados pelos traficantes de animais. A pessoas podem ajudar não mantendo pássaros em gaiolas. Estes pássaros são capturados na natureza e é uma grande crueldade mantê-los presos. Prisão foi feita para quem fez coisas erradas e não para os bichos.
Sobre o assunto, segue um poema de OLAVO BILAC, o autor do hino à bandeira. Ele escreveu este poema há 100 anos!
O PÁSSARO CATIVO Olavo Bilac
Armas, num galho de árvore, o alçapão. E, em breve, uma avezinha descuidada, batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada, a gaiola dourada. Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo.
Por que é que, tendo tudo, há de ficar o passarinho mudo, arrepiado e triste, sem cantar?
É que, criança, os pássaros não falam. Só gorgeando a sua dor exalam, sem que os homens os possam entender. Se os pássaros falassem, talvez os teus ouvidos escutassem este cativo pássaro dizer:
"Não quero o teu alpiste! Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste. Tenho água fresca num recanto escuro. Da selva em que nasci; da mata entre os verdores, tenho frutos e flores, sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola! Pois nenhuma riqueza me consola de haver perdido aquilo que perdi... Prefiro o ninho humilde, construído de folhas secas, plácido, e escondido.
Entre os galhos das árvores amigas... Solta-me ao vento e ao sol! Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol! Quero, ao cair da tarde, entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me, covarde! Deus me deu por gaiola a imensidade! Não me roubes a minha liberdade... QUERO VOAR! VOAR!..."
Estas coisas o pássaro diria, se pudesse falar. E a tua alma, criança, tremeria, vendo tanta aflição. E a tua mão, tremendo, lhe abriria a porta da prisão
Trinca-ferro
No Brasil existem cerca de oito formas do gênero Saltator, todas relativamente parecidas. Apenas uma das espécies, o bico-de-pimenta é bem diferente, pois uma máscara preta desce até a garganta, e o bico tem uma cor laranja bem intenso. Muito caçado e apreciado por seu belo canto.
Também é chamado de trinca-ferro, bico-de-ferro, tempera viola, pixarro, pipirão, estevo, papa-feijão (SC), titicão, tia-chica e chama-chico (interior de SP).
Características Um pouco menor do que outras espécies do mesmo gênero, possuem o mesmo bico negro e forte que originou o nome comum dessas aves. Como na espécie bico-grosso (Saltator maximus), apresenta dorso verde, cauda e lados da cabeça acinzentados. A listra superciliar é a mais comprida das três espécies (ave adulta), com o “bigode” menos definido e garganta toda branca. Por baixo, domina o cinza nas laterais, tornando-se marrom alaranjado e branco no centro da barriga. Asas esverdeadas. O juvenil não possui a listra tão extensa, sendo a mesma falhada ou inexistente, logo após saírem do ninho.
Bico bastante enérgico e fortificado (o quê deu cunho ao nome “trinca-ferro”), com cauda diferenciada em tamanho. Não existe diferenças corporais entre machos e fêmeas.
Seu canto varia um pouco de região a região, embora mantenha o mesmo timbre. Para diferenciar o macho da femea é necessário perceber o canto do macho e o piado da femea.
ESPÉCIE SEM DIMORFISMO SEXUAL
Alimentação O trinca-ferro-verdadeiro é um típico onívoro, se alimentando de frutos, insetos, sementes, folhas e flores (como as do ipê). Na infância seu regime alimentar é predominantemente animal.O macho costuma trazer alimento para sua fêmea.
Reprodução O ninho é construído em arbustos a 1 ou 2 m de altura, é uma tigela espaçosa, com cerca de 12 cm de diâmetro externo, feita com folhas grandes e secas seguras por alguns ramos, resultando uma construção frouxa; no interior são colocadas pequenas raízes e ervas. Os 2 ou 3 ovos, alongados, medem cerca de 29 x 18 mm e são azul-claros ou verde-azulados, com manchas pequenas e grandes no pólo rombo, formando uma coroa.Durante o período de reproduçao,vivem estritamente aos casais sendo extremamente fiéis a um território.
Hábitos Vivem em capoeiras, bordas de matas e clareiras. Está sempre associado às matas, ocupando o estrato médio e superior.
Distribuição Geográfica Distribui-se na parte central do Brasil e nordeste, na Bahia ao sul do País, no Rio Grande do Sul e toda a região Sudeste. Além de fronteiras vizinhas internacionais como Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
Vídeo do Trinca-ferro se alimentando dos frutos de cuvitinga Solanum sp.
|