A irara da foto estava se alimentando dos frutos da embaúba (Cecropia glazioui) em frente da sede do Instituto Rã-bugio no Centro Interpretativo da Mata Atlântica, por volta das 13 horas do dia 19/04/2013, momentos antes da chegada de uma turma de estudantes para atividades de educação ambiental. As crianças chegaram a ver esta irara na trilha mais tarde.
AMEAÇAS Eliminação da espécie por apicultores, porque ela eventualmente pode procurar mel numa colméia ou outra. Se a caixa de madeira que abriga a colméia for mal construída ou mal conservada, ela faz um buraco e entra nas colméias, segundo o relato de apicultores. Com a expansão da apicultura que invade o hábitat da espécie, a Irara vem sendo exterminada pela falta de consciência de alguns apicultores que matam de forma cruel e impiedosa, exterminando-a até em áreas bem preservadas. Para matá-la esses apicultores colocam ovos de galinha envenenados juntos às colméias. Além disso, o desmatamento das últimas áreas de floresta contribui no seu desaparecimento.
DESCRIÇÃO Atinge um comprimento de 92cm a 1,17m com a cauda (o corpo mede em torno de 60 cm), pesa de 3 a 7 kg. Possui corpo alongado, cabeça larga com orelhas pequenas e arredondadas, pescoço longo e o focinho é curto possuindo longas cerdas, como se fosse um bigode.
Os membros traseiros e dianteiros são curtos com os pés e mãos tendo unhas grandes, fortes e não retráteis. Cauda longa e peluda. Os pêlos do corpo são curtos e grossos. Há muita variação quanto à coloração.
É um escalador muito ágil e veloz. Esta habilidade fica evidenciada quando na captura de um de seus principais alimentos da Mata Atlântica, nas bordas de matas bem preservadas e secundárias, a embaúba. Sem dificuldade alguma, ela chega à região dos frutos. As palmas de suas patas são lisas, as garras parcialmente retrateis e as articulações de suas pernas lhe permitem "virar as patas" para descer das árvores com a cabeça voltada para baixo (veja a foto tirada quando a irara estava descendo rapidamente da embaúba).
ALIMENTAÇÃO Alimenta-se de frutos encontrados na floresta com a embaúba (Cecropia sp.) e pequenos animais como ratos, gambá, cuíca, serelepe, pássaros e insetos como lagartas, grilos, besouros, cigarras etc. Come também ovos de pássaros e frutos encontrados na floresta. Gosta muito de mel, fato este que faz receber o nome vulgar de “papa-mel”, aliás, o termo “irara” vem da língua tupi “i’rá = mel + rá = tomar”. Por esse motivo é perseguida por alguns apicultores, conforme relatado acima (no quadro “ameaças”).
REPRODUÇÃO Atinge maturidade sexual aos 2 anos de idade. O período de gestação varia entre 63 e 68 dias. Tem de 2 a 4 filhotes. Os filhotes nascem cegos, mas inteiramente cobertos de penugem negra e são facilmente confundidos com filhotes de lontras, porém não apresentam hábitos aquáticos como estes, embora saibam nadar.
HÁBITOS As iraras são ativas dia e noite, mas descansam nas horas quentes do dia, geralmente escondidas em tocas cavadas por outros mamíferos, ou em ocos de árvores. Vive em matas (primárias e secundárias) e anda tanto no solo, como sobre as árvores. É muito veloz tanto sobre as árvores como no solo. São solitárias, mas podem ser vistas aos pares. Costumam deixar marcas de cheiro nos galhos e na trilha por onde passam.
OBSERVAÇÕES Ao ser importunada, desloca-se pelo chão por entre a vegetação, ou sobe nas árvores pulando de galho em galho por longas distâncias. A substância liberada pela glândula odorífera é usada contra os predadores. Quase sempre solitária, pode andar aos pares ou em pequenos grupos familiares. Para pegar o mel enfia o focinho no buraco da árvore. Se não consegue chegar ao mel desta forma, utiliza as patas para tirar pedaços do tronco até achá-lo.