CARACTERÍSTICAS DOS ANFÍBIOS PERERECAS RÃS SAPOS
 
 

ÍNDICE

  1. EVOLUÇÃO E ORIGEM DOS ANFÍBIOS
  2. RELAÇÃO DOS ANFÍBIOS COM O HOMEM
  3. BIOLOGIA DOS ANFÍBIOS
  4. ESTRATÉGIAS DE REPRODUÇÃO DAS ESPÉCIES DA MATA ATLÂNTICA DA REGIÃO NORTE DE SC
  5. PREDAÇÃO DE ANFÍBIOS
  6. BIBLIOGRAFIA
  7. AGRADECIMENTOS
 

3. Biologia dos Anfíbios

3.1 Fases de desenvolvimento

Um anfíbio inicia a vida na água, como um peixe, e depois passa a viver na terra. Por isso, dizemos que eles têm vida dupla. A palavra anfíbio origina-se do grego e significa vida dupla:
(anfi = duas; bio = vida).
Na fase aquática, é chamado de GIRINO.

Girino: vida aquática

   

Girino com poucos dias de vida começando a se transformar para ficar igual aos adultos. Repare que as perninhas já cresceram.

   

Rãzinha (Hyla bischoffi) que acaba de deixar a vida na água e está iniciando a fase de vida na terra. A cauda é absorvida e serve como reserva de nutrientes para os primeiros dias de vida na terra, até que adquira a habilidade de caçar.

3.2 Respiração dos anfíbios

GIRINO - através de brânquias e da pele;

ADULTO - através dos pulmões e da pele.

Na fase de girino, os anfíbios retiram o oxigênio misturado na água, assim como os peixes, através da pele e das brânquias (também conhecidas como guelras), que ficam na parte interna da boca. Depois que saem da água, passam a respirar pelos pulmões e também através da pele.

Figura 3.2 - Os girinos respiram através de brânquias e da pele.

3.3 Os sapos bebem água?

Não. Sapos, rãs e pererecas não bebem água como os humanos. Eles absorvem água através da pele. Algumas espécies, quando têm sede, procuram ficar em contato com as folhas das árvores ou de outras plantas que ficam molhadas pela chuva ou orvalho. Também podem retirar a água do próprio ar úmido das florestas. Abrigar-se no meio das bromélias é uma boa estratégia para manter o corpo sempre hidratado.

Desse modo, os anfíbios podem viver bem longe das lagoas e rios depois que deixam de ser girinos. Você notou como é importante a pele para os sapos e rãs? Ela serve tanto para respirar como para absorver a água que necessitam.

3.4 O que os sapos comem?

Os sapos comem muitos insetos de várias espécies, como: moscas (adultas e larvas), baratas, pernilongos, formigas, pulgões, besouros, lagartas e vagalumes. Além de insetos, comem outros animais invertebrados como aranhas, lesmas e minhocas. Por isso, sapos, rãs e pererecas são amigos dos homens: eles controlam a população de insetos e de outros invertebrados que causam grandes prejuízos para a agricultura e transmitem doenças.

Exemplo: se não houver sapos no meio de uma horta, as lesmas podem se multiplicar e devorar todas as folhas das verduras, como alface e repolho. A solução seria aplicar veneno para matar as lesmas? Sim, o veneno resolve e mata as lesmas, mas o que acontece à saúde ao comer essas verduras envenenadas? Apenas depois de vários anos será recebida essa resposta, na forma de uma enorme despesa com farmácias e hospitais.

Além disso, o veneno só mata as lesmas nas primeiras vezes em que é usado. Logo esses animais ficarão imunes ao veneno e doses mais elevadas serão necessárias, envenenando ainda mais as verduras e matando também os sapos e outros bichos que comem as lesmas. Portanto, não seria mais fácil cuidarmos melhor da natureza para que sempre haja sapos nas hortas?

E as moscas? Alguém gosta de moscas pousando em seu prato de comida ou no bolo de aniversário? É claro que todos detestam isso, não é mesmo? As moscas nascem das larvas que se desenvolvem nas esterqueiras (de porco, galinha e gado) e nos depósitos de lixo orgânico. Os sapos e as rãs são os maiores devoradores dessas larvas. Mas a quantidade de esterco e de lixo não pode ser grande, pois, neste caso, os sapos e rãs - ou qualquer outro animal - não conseguem chegar perto desses ambientes por estarem muito contaminados, impróprios para a vida.

Além disso, o esterco e o lixo poluem todas as lagoas próximas, onde sapos e rãs se reproduzem, causando seu extermínio na região. Nesses casos, as moscas ficam à vontade para se multiplicarem aos milhares e infernizarem a vida das pessoas que moram nas proximidades.

O sapo aproxima-se até uma distância onde a língua alcança o inseto;
ele lança a língua sobre o inseto, que fica grudado nela;
então, ele recolhe a língua com o inseto grudado, fecha a boca e o engole.
Figura 3.3 - Sapinho pegando o mosquito da dengue

Veja as imagens do sapo pegando um inseto

 

IMAGEM QUADRO A QUADRO

IMAGEM EM MOVIMENTO

 

3.5 Como o sapo captura sua presa?

Os anfíbios possuem uma língua bastante elástica e pegajosa na ponta. Para capturar um inseto, como explicado anteriormente, eles lançam a língua sobre o bicho, que gruda na mesma e, depois disso, é puxado para dentro da boca (às vezes, os sapos podem também saltar para melhorar a eficiência na captura da presa). Isso é feito com muita rapidez: em um piscar de olhos o inseto vai para dentro da boca do anfíbio. Antes de ser engolido, o inseto é pressionado contra o céu da boca do animal.

Alguns anfíbios têm uma espécie de dente no céu da boca que ajuda a imobilizar o inseto. Na Floresta Amazônica e na região Centro-Oeste do Brasil existem espécies de rãs, que vivem o tempo todo dentro da água, que não possuem língua. Elas capturam as presas dentro da água com a boca, como os peixes fazem.

3.6 Qual é o horário das refeições?

A maioria das espécies caça durante a noite e dorme durante o dia, quando ficam escondidas em lugares bem fresquinhos. Seus olhos enormes servem para facilitar a localização das presas na escuridão da noite.

 
Figura 3.4 - Durante o dia, a maioria das espécies dorme bem escondida, camuflada nas folhas da vegetação ou no interior de bromélias

 

Figura 3.5 - Olhos grandes servem para localizar as presas na escuridão da noite

Aquelas que vivem no chão da floresta caçam durante o dia, porque esse ambiente é sempre úmido e fresco. As espécies diurnas apresentam uma coloração especial para ficarem camufladas nas folhas secas do chão da floresta, desta forma, não são notadas por seus predadores naturais nem por suas eventuais presas.

Figura 3.6 - Sapo-boi-da-serra-do-mar: caça durante o dia e apresenta uma colocação que se confunde com as folhas em decomposição (serapilheira) no chão da floresta.

3.7 E os girinos? O que eles comem?

Na grande maioria das espécies, os girinos são vegetarianos e se alimentam de limo e detritos vegetais em suspensão na água. Portanto, na fase aquática - enquanto são girinos - os anfíbios são vegetarianos e, na fase adulta, tornam-se carnívoros, comem insetos e outros animais invertebrados. Entretanto, alguns girinos são carnívoros, podendo, inclusive, comer girinos de outras espécies Há também espécies cujos girinos não se alimentam e sobrevivem das reservas nutritivas do ovo.

Figura 3.7 - Girinos do sapo-de-floresta (Bufo crucifer) se alimentando de detritos e limo, na beira da lagoa

Desses girinos que estão na Figura 3.7, talvez apenas um se tornará um sapo adulto por causa dos predadores, como pássaros, aranhas, morcegos, cobras e lagartos. A natureza fez o sapo ter ninhadas com muitos ovos para garantir a sobrevivência de alguns. Por isso, não se deve pegar os girinos, porque farão falta! Ao pegar um girino, estamos interrompendo o ciclo de vida dos sapos. Devemos respeitar todos os seres vivos.

Atenção: Os anfíbios são protegidos por Lei Federal e o cultivo de girinos de espécies nativas é proibido, sendo considerado crime ambiental, sujeito a processo penal e multa. Infelizmente, alguns professores ainda não têm essa consciência e praticam esta crueldade nas escolas, desafiando a lei, incentivando e ensinando os alunos a agirem da maneira errada. Além disso, esse tipo de experimento não faz sentido. É muito melhor e mais didático mostrar os girinos na natureza na qual estão integrados!

 

Figura 3.7 - Girinos do sapo-de-floresta (Bufo crucifer) se alimentando de detritos e limo, na beira da lagoa

3.8 Por que os anfíbios coaxam?

Figura 3.9 - Pererequinha (Dendropsophus microps) coaxando; só os machos coaxam.

O objetivo do coaxar é atrair um parceiro para o acasalamento. Somente os machos coaxam - as fêmeas são mudas. Algumas espécies apresentam dois coaxares diferentes: um de propaganda (ou nupcial) para atrair uma fêmea; outro para advertir um macho rival, no caso dele coaxar ou estar muito próximo.

Figura 3.10 - Fêmea da pererequinha (Dendropsophus microps) (à esquerda) se aproximando de um macho pretendente (à direita).

O coaxar de propaganda, o som mais comum de ser ouvido, é executado pelos machos, próximo do local apropriado para reprodução, que pode ser uma lagoa, poça de água no meio da floresta, bromélia, banhado ou riacho. Durante milhões de anos, cada espécie adaptou-se para se reproduzir num desses ambientes. Os anfíbios que vivem em árvores (pererecas) coaxam empoleirados na vegetação próxima aos locais de reprodução (lagoas, banhados, riachos, cachoeiras, etc.).

Figura 3.11 - Macho da rã-flautinha (Aplastodiscus albosignatus):Pererecas coaxam empoleiradas nos galhos da vegetação próxima dos locais de procriação.

Há, também, espécies que apresentam um terceiro tipo de coaxar emitido em seu refúgio durante o dia, longe da lagoa de procriação, cuja finalidade ainda não tem uma explicação clara por parte da Ciência. Também pode ser produzido um som de agonia, quando ocorre a captura por um predador (aves, cobras, morcegos, etc.).

Já os sapos e rãs coaxam na beira das lagoas, no chão ou na água, às vezes escondidos no meio da vegetação. Eles, normalmente, coaxam e se reproduzem no local onde nasceram. A fêmea escolhe o macho que coaxa mais intensamente ou aquele mais insistente. O coaxar de algumas espécies é bastante intenso, chegando a doer os ouvidos se alguém chegar muito próximo. Há espécies com coaxar tão baixo que só é audível a um ou dois metros de distância. O coaxar nupcial e o acasalamento, geralmente, são realizados à noite, mas, em algumas espécies, podem ocorrer durante o dia.

A competição por uma fêmea é tão grande em algumas espécies que os machos defendem, com vigor, o território ao seu redor, em um raio de um ou dois metros. Se outro macho invadir esse território e começar a coaxar, o dono do território emite um coaxar de advertência. Se o intruso insistir em permanecer, poderá haver luta corporal pela disputa do território. No caso do Sapo-comum (Bufo ictericus), se uma fêmea passar por perto para caçar suas presas, por exemplo, sem estar no ponto de desova, o macho não desperdiça a oportunidade de abraçá-la (posição de amplexo) e não a soltar mais, até que fique pronta para desovar, o que pode demorar mais de duas semanas.

Figura 3.12 - Competição dos machos para acasalamento. A competição dos machos pelas fêmeas do sapo-comum (Bufo ictericus) é tão grande que um macho pode abraçar a fêmea até 15 dias antes dela estar pronta para a desova.

O período que um macho pode coaxar depende de seu estado de nutrição, pois gasta energia. Se o macho estiver bem alimentado e com sorte de achar comida (invertebrados, que são suas presas) perto dos locais de reprodução (lagoas, riachos e banhados), pode ficar coaxando durante muitas noites numa temporada. Cada espécie tem um determinado período para procriação. A maioria se reproduz na primavera e no verão; outras no outono e inverno e algumas se reproduzem durante o ano todo.

3.9 Reprodução dos anfíbios

• Fecundação - A fecundação da grande maioria dos anfíbios é externa (ocorre fora do corpo da fêmea). Nas aves e mamíferos, por exemplo, a fecundação é interna (ocorre dentro do corpo da fêmea). Durante o acasalamento, o casal fica em posição denominada amplexo, que significa abraço (o macho se posiciona sobre a fêmea, abraçando-a, conforme Figura 3.13).

Figura 3.13 - Casal de Perereca-de-banheiro (Scinax duartei) em amplexo para a desova (amplexo significa abraço).
 
     
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